6.5.18



Nada mais me anima
Eu sou o abismo narciso
Me arrancaram as raízes
E as perspectivas de um galho
Estouraram o balão dos sonhos
Com um berro blá
Não tenho pra onde ir
Ninguém me convida pra um café
Não posso sair
Agora sou o louco desvairado
Da terra morta
Eu sou o morto
Enterrado duas vezes
No cascalho
Não posso nem apodrecer em paz
Torturam minh’alma na indústria a vácuo
Silenciam do outro lado
Na linha o poder do espaço
Cabeça de um dinossauro inutilizado a reinar
Promessas de Judas que não pude negar
Moedas de prata num altar
E nada mais me tira daqui
No labirinto da cegueira sou Pygar
Morte lenta que me decretaram
Com o vidro escuro da paixão
Gota a gota mergulhado
Impassível inferno criado
Shang Tsung a capturar almas
Me sinto uma irrelevância no asfalto
Nada mais me anima
Os gigantes perco de vista
Afundo sem perspectiva
Ninguém me brinda um vinho
Ninguém recorda minha sombra
Calo vítima dos vermes
Meu corpo perece
Meu sangue já não coagula
Espécime

Diego Marcell
06/05/2018

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